Roselene Nunes de Lima
Professora e Psicopedagoga
roseanis@ig.com.br
Os alunos do noturno, da Educação Básica, não estão preparados para estudar. Ir à escola, apenas, é a motivação. Quando o aluno é adolescente a motivação é o Bolsa Família ou, simplesmente, sair de casa, que é muito apertada e tem muita gente. Arrumar uma ocupação fora de casa. Tem aluno que quer o certificado, a carteira de estudante, a merenda, também vender drogas “proibidas”, atrapalhar, fazer encrenca, encontrar objetos fáceis de serem furtados. Você, leitor ou leitora, pode até estar se perguntando se só existem alunos vilões. Cadê os “mocinhos”?
Há também aqueles alunos que querem aprender, recuperar o tempo perdido, fazer amizades, ser gentil e aprender a conviver. Socializar mesmo.Infelizmente os poucos vilões se tornam muitos, e até demais, pois os bons, aqueles que querem o melhor para si e para os outros, que querem um Brasil justo e igualitário, começam a se evadir das escolas noturnas sob a alegação que não tem como assistir aulas combagunceiros e contraventores.Ficam cansados, são ameaçados, não aprendem como gostariam de aprender. Os vilões afastam os professores, pois eles não ficam motivados a lecionarem e se transferem de escola ou de turno. Tem alunos que são autoritários, arrogantes, imperadores, que querem ser “o cara”, mangam das pessoas dos seus defeitos físicos, por menores que sejam, arrumam confusões, aquele bate-boca infindável. Os nossos alunos complicados são os abortos vivos que a igreja permitiu que viessem ao mundo pela proibição dos anticoncepcionais, são os abortos vivos que os pais irresponsáveis permitiram que viessem pela desinformação, ou melhor, desinteresse do que é ter filhos, porque informações todos têm. Tantos filhos nascidos com pais não assumidos.
É um terror estudar com colegas desalmados ou desamados, desinteressados, desmotivados, infames. Não, meu caro leitor, minha cara leitora, esta fala não é minha, é dos alunos que precisam provar para si mesmos que conseguem melhorar sua vida profissional ou pessoal, aqueles que se sentem prejudicados com um país ingerente, impune e submerso no egoísmo político, aquele individualismo de doer, de fazer morrer.
É importante não só ver o tempo passar, é imprescindível fazer desse tempo um companheiro da felicidade de aprender, conseguir emprego desejado, ter um salário maior que o mínimo, ter paz, ver o nosso país ficar bom, construir, unir...
Artigo publicado no Jornal Tribuna Independente no dia 6.5.2011