quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Paradoxos brasileiros



Roselene Nunes de Lima

            O Nordeste do Brasil é no Brasil, mas não parece para os que o discriminam. Duas reportagens passaram na televisão com o mesmo tema e com informações diferentes. A televisão transmite informações sem base em pesquisa? Os telespectadores ficam confusos quando assistem a dois canais e,se assistirem somente a um canal, ficam certos das informações. A reportagem em um canal de televisão foi informando que a região sudeste está carente de pedreiros porque esse profissional algum tempo atrás era oriundo do Nordeste do Brasil e, pelo fato de haver o programa social do governo federal, bolsa família, esses pedreiros não estavam mais precisando buscar emprego fora do Nordeste, pois se sustentavam do dinheiro do programa. Já outro canal disse que o motivo da carência de profissionais da construção civil em São Paulo e Rio de Janeiro se devia ao crescente número de obras no Nordeste e, as pessoas que antes buscavam empregosem outros cidades,passou a tê-los próximo as suas residências. Pode até ter uma terceira opinião, mas a primeira quis diminuir os nordestinos, como se no Nordeste do Brasil só existisse pedreiro e que o povo nordestino se sustentasse somente do bolsafamília. Sabemos que o bolsa famíliaatende pessoas de baixa renda do Brasil inteiro.
As pessoas procuram emprego e o nível exigido é curso médio da Educação Básica, mas ter curso médio não garante saber ler e escrever, requisito mínimo para se trabalhar como aprendiz ou no comércio, pois segundo o sítio www.planetaeducacao.com.br, “No Brasil, 75% das pessoas entre 15 e 64 anos não conseguem ler, escrever e calcular plenamente. Esse número inclui os 68% considerados analfabetos funcionais e os 7% considerados analfabetos absolutos, sem qualquer habilidade de leitura ou escrita. Apenas 1 entre 4 brasileiros consegue ler, escrever e utilizar essas habilidades para continuar aprendendo.”, o que significa que só 25% das pessoas conseguem ter a habilidade de corresponder as expectativas das empresas.
Muitos alunos matriculados, que se acham estudantes, mas na verdade são frequentadores de aulas, iludem os familiares quando “passam” de ano – são aprovados – e dão a impressão que estão aptos a galgar, de fato, degraus da intelectualidade.
O governo federal quer alunos aprovados com qualidade, mas só libera dinheiro para a educação se aquela escola tiver alto índice de aprovação. Ter qualidade é difícil num universo de alguns professores sem compromisso com a educação alheia – só pensam na educação dos seus filhos – ou muitos alunos com históricos variados nas suas vidas, como desinteresse dos pais por eles, facilidade de aquisição de bens materiais vendendo drogas, principalmente quando esse aluno é menor de idade. Outro fator que atrapalha o interesse em estudar são os jogadores de futebol sendo bem valorizados pela mídia. Todos aqueles que gostam de jogar uma “pelada” também acham que podem ter sucesso, mas não é verdade.
Nós, professores, precisamos construir um Brasil pensante e crítico.
Artigo publicado no Jornal Tribuna Independente em 2.2.2011

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