sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Adulto e preconceito



Roselene Nunes de Lima
Professora e Psicopedagoga

            Tanto barulho e tanta manifestação por aquilo que não se sabe o que é e só tem uma ideia, que nosso dia a dia já fica cansativo demais. É verdade. As pessoas ouvem tanto um disse-me-disse que acabam acreditando no que ouvem sem saber se é a realidade. Para entrar na onda de uma discussão aqui e outra ali, na mídia, alguns políticos – bem desinformados – opinam e criticam o que nem viram e nem leram.
            O barato do momento é o kit, esclarecendo o que é ser homossexual e bissexual, que o Ministério da Educação queria enviar as escolas. Muita gente não sabe nem o que é ser heterossexual. Quanto a sexualidade, muita gente não sabe nem o que é ter relação sexual, nem sabe como é “o que vem depois”, somos um país pouco instruído nesta área.
            O que está acontecendo, quase todos os dias, é que políticos dão opinião nos jornais criticando o tal kit – tão abominado – sem ser apresentado. Outro dia li as opiniões de uns políticos de Alagoas apoiando a presidente Dilma por ter tirado de circulação o kit – que foi um trabalho coletivo de uma equipe profissional – e admitindo que não leram e não assistiram aos vídeos. Ora, tenha paciência! Não entendo isso como opinião própria desses políticos, mas uma tremenda bajulação com quem está acima deles.
            O kit não é o bicho que fazem. Todas as famílias têm um gay, não adianta esconder, pois quem esconde é só para evitar ouvir a sua própria discriminação. Gays são pessoas que podem ser boas ou ruins, pobres ou ricas, feias ou bonitas, doentes ou saudáveis, da mesma forma que os não gays também são. Sou professora e dou sempre aulas de educação sexual a crianças e adolescentes, falo tudo que é preciso para cada época e eles perguntam muito, têm muitas dúvidas que muitos adultos também têm. Apresento a eles que existem relações sexuais entre pessoas de sexos diferentes, entre pessoas de mesmo sexo, entre pessoas portadoras de necessidades especiais, entre pessoas idosas e entre cadeirantes. Não há mal em nada disso. Esclareço a diversidade entre nós. Garanto a vocês que a aula é esclarecedora e os alunos passam a ter respeito pelos colegas que são gays ou especiais.
            Senhores e senhoras que criticam muito e não contribuem para o país melhorar, por favor, parem com esse achismo, pesquisem, aprendam com nossos alunos, pois toda sala de aula tem um gay ou mais, todos nós temos os mesmos direitos. Ser gay “não pega”, não é como doença. As pessoas são heterossexuais ou são homossexuais, não há escolha. A escolha está nos preconceituosos para querer ou não aquela pessoa na sociedade.

Artigo publicado no jornal Tribuna Independente no dia 17.6.2011

Somos movidos a incentivos


Roselene Nunes de Lima
Professora e Psicopedagoga

            Ter determinação para realizar uma tarefa não é nada fácil, pois para ser determinado é preciso ter autoestima elevada e ter incentivo sempre. O incentivo sempre foi e será uma das ferramentas necessárias a conclusão do que se começa ou se quer começar. Com incentivo podemos realizar muito daquilo que pretendemos, pode ser bom ou ruim. E de onde tirar esse poder?
            Podemos ter o nosso próprio incentivo sem que as outras pessoas atrapalhem ou interfiram nos nossos objetivos, mas outras não têm essa força, precisam de incentivos exteriores, que alguém as ajudem.
            Nosso País tem tido resultados muito ruins na educação. Aquela ineficiência e, nós, professores, somos, constantemente apontados como culpados. Compare a cobrança que existe conosco com uma partida ou campeonato de futebol, sempre o erro da derrota é atribuído ao técnico do time, ele está “chutando a bola fora”.
            Voltemos para o universo alunos e descubramos, ou pelo menos, tentemos descobrir os motivos que os levam a tamanho desestímulo, preguiça de pensar e desrespeito consigo próprio. Seria a pouca cobrança e muito bônus dados pelos professores? Seria a casa muito pequena com uma família numerosa? Seria a família esfacelada, seja rica ou pobre, pelas perdas constantes que não levantam ninguém?  Seria a falta de ideal na vida? O que seria?
            São tantas dúvidas que chegamos a pensar que tudo isso é uma doença que paralisa a coragem para pensar e agride a tomada de consciência e atitude para se conquistar o que realmente vale a pena dentro da educação.
            Sabemos que muitos dos nossos colegas na educação estão muito preocupados com os seus próprios filhos – estes estudam nas escolas particulares – e, esquecem-se de dar educação de qualidade aos seus alunos, também se esquecem de tratá-los bem, com urbanidade como manda a lei. Mas dizem que os fora-da-lei estão presos ou respondendo processo.
            Aos colegas de profissão, peço atenção para nossos alunos, que os tratem bem, sejam verdadeiros educadores, não deixem que eles fiquem a margem da sociedade, a responsabilidade, mais tarde, pode ser nossa, pelas barbaridades que eles podem vir a fazer. Se não tratarmos os nossos alunos com respeito e com intenção de fazer uma educação de qualidade poderemos ser vítimas deles e seus filhos também, pois são de idades parecidas. Cuidado: condena-se o aborto e odeiam-se os “abortos vivos” que estão importunando a sociedade.
 Artigo publicado no Jornal Tribuna Independente em 2011