Roselene Nunes de Lima
O fim de ano se aproxima e os pais já ficam na expectativa de matricular seus filhos nas melhores escolas. Começam a procurar as mais próximas de suas casas, principalmente se os filhos são bem pequenos. Eles querem conhecer a metodologia e o funcionamento das escolas visitadas. Embora, isso ocorra mais na rede particular, porque a gratuita eles matriculam naquela que tenha a vaga para o nível de seus filhos.
Os pais e as mães trabalham deixando, muitas vezes, seus filhos com o avô ou a avó fazendo o papel de pai e mãe, que também têm o que fazer, e como têm! Então, aqueles procuram uma creche ou escolinha para deixar a criança o dia inteiro. Mas, é importante ter cuidado com essa socialização muito cedo. As crianças ainda não têm condições de serem alunos, pois precisam ter um contato maior com os familiares, precisam da socialização de dentro de casa.
Muitas vezes encontramos colegas que reclamam da escola do filho, porque a criança apanhou ou levou uma mordida do colega, esses pais culpam a escola ou culpam os pais das outras crianças por tal comportamento, dito agressivo, ficam magoados profundamente e esquecem de conhecer o próprio filho, das necessidades dele e de suas fases.
Até os dois anos de idade a criança está na fase sensório-motora, fase em que sua conduta social é de isolamento e indiferenciação, ou seja, o mundo é dela. As principais características observáveis durante essa fase são: a exploração manual e visual do ambiente; a experiência obtida com ações, a imitação; a inteligência prática, através de ações; ações como agarrar, sugar, atirar, bater e chutar; as ações ocorrem antes do pensamento; a centralização no próprio corpo; noção de permanência do objeto. Já na fase pré-operatória, que vai dos dois aos sete anos de idade a criança passa a ter o egocentrismo intelectual, ela acredita que a realidade é aquilo que ela quer. A criança não consegue assumir o papel ou o ponto de vista do outro. Portanto, nas duas fases, teremos de ter muita cautela ao matricular os nossos filhos, pois as outras crianças podem ser “vítimas” deles.
Antes de completar os dois anos a criança não deve assistir televisão ou ir a lugares muito badalados, como shows, campo de futebol ou festas muito barulhentas, mesmo que seja a sua própria festa, pois ela tende a ficar muito acelerada e dar trabalho na escola mais tarde. O ideal é matricular nossos filhos nas escolas a partir dos seis anos de idade e deixar a cargo da família fazer a socialização até lá.
Artigo publicado no jornal Tribuna Independente no dia 19.11.2010