Roselene Nunes de Lima
No dia de votar, muita gente vai contrariada, pois se comenta aqui e ali que nosso País e nosso Estado não estão melhores como poderiam ou como deveriam estar. Muitas tarefas ainda por fazer. Políticos que estão indo para o segundo mandato e prometendo fazer o que não foi feito, embora o tempo do primeiro mandato tenha dado para fazer muito e não foi feito. Quantas promessas nas áreas mais necessitadas. Até aqueles que não assistem ao guia eleitoral sabem que as promessas são para educação, saúde e segurança. É falado em melhora, em hospitais que serão construídos e reformados, policiais e professores que serão contratados através de concurso, as escolas que terão as reformas necessárias e atenderão a população na sua totalidade. Será? Queremos muito a realização de tudo isso.
No Brasil são feitos vários projetos sem planejamento. No nosso dia a dia acontece muita falta de planejamento, mas quando não dá certo mesmo planejando? Dá até para lembrar, sem saudades, dos nossos professores da universidade pública que marcavam uma avaliação e faziam as questões no quadro e, quando todos já estavam pensando por mais de uma hora, resolvia dizer que uma questão ou duas não deveriam estar ali, porque são complexas ou sei lá, que os alunos não considerassem, ai de quem reclamasse. Se a cabeça já estava doendo, imagine o que teria ocorrido depois de bombas como esta.
Há em Maceió um monte de grotas com muita gente boa morando, que são visitadas no período da campanha eleitoral, eu tenho muitos alunos nelas, são maravilhosos e estudiosos. Infelizmente precisam de todo sacrifício de ir e vir. Subir, descer, subir, descer... Compara-se, também, com os sucessos e os insucessos na vida cotidiana.
A dona Zefinha mora em uma grota, já na parte final, ou seja, no fundão, sem ter muitas chances na vida, analfabeta, empregada sem emprego, um dia em cada canto para fazer um serviço que lhe renda poucos reais para se sustentar, que ninguém queira saber como é que ela se sustenta, porque só em escrever sobre ela já me faz sofrer. Hoje limpa os porcos que cria, amanhã lava roupa na casa do Zé e no outro dia na casa da Maria, e assim vai, um sofrimento sem fim. Ela mora em condições sub-humanas, numa grota, no Benedito Bentes, e adoraria não ter que descer e subir todos os dias, além de “nadar”, em dias chuvosos para sair ou chegar a sua casa. A dona Zefinha pensa que o ideal é não votar em ninguém. Usa a prerrogativa de que não é obrigada a votar, por não saber assinar o nome, e não vota, acha até bom. O mundo dela melhora na hora das novelas e cochilos numa cadeira. É, ela tem TV, alguém lhe deu esse presente, essa ilusão.
Para as donas Zefinhas do Brasil, desejo sucesso e felicidade! Espero que algum dia tenham.
Artigo publicado no jornal Tribuna Independente no dia 6.11.2010
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