terça-feira, 22 de março de 2011

Eu não acredito em mim!


Roselene Nunes de Lima


            Entrar em sala de aula e começar a falar sobre o objetivo daquele dia, a disciplina que leciona e como podemos aprender melhor é uma tarefa um pouco difícil quando se trata de alunos com um nível baixo de autoestima. Alguns dizem que essa disciplina é muito difícil, que não vão conseguir aprender ou dizem que são “burros”. Alguns até generalizam e dizem que a turma não vai conseguir entender nada da explicação. Imagine tirar essa força de impotência que eles trazem de casa, por serem diminuídos pelos familiares ou por terem algum déficit.
            Os alunos do noturno, que estão há muito tempo sem ir a escola, logo falam que não sabem se vão dar conta de aprender porque não estudam “há 15, 18 ou 20 anos”, esses, muitas vezes, são os que se destacam e aprendem melhor que aqueles que estavam no ano passado na escola. Não conseguem enxergar que são capazes e se depreciam.
            As famílias não dão atenção aos filhos como deveriam dar, às vezes machucam os sentimentos, os espancam e os desprezam. Provavelmente não aprenderam como criar os filhos, ou não tiveram bons exemplos e não confiam nos filhos como não confiaram em si. Quantas vezes flagramos nossos alunos depreciando os colegas, mangando mesmo, com assovios e gritos, pelo fato deles não conseguirem uma nota boa ou não responder uma pergunta feita pela professora ou professor.
            Os sentimentos dos nossos alunos estão cada vez mais confusos. Acreditam que a violência não diminui porque as pessoas são ruins e não têm conserto. Os programas de televisão que fazem sensacionalismo ajudam, e muito, nesta conclusão errônea dos menos valorizados – por eles mesmos. Os programas condenam e dão a punição “correta”. Os programas de televisão que dão educação e cultura estão na televisão paga, o que os alunos – a maioria – de escolas gratuitas não têm chance de assistir. Quando os programas, que fazem os nossos alunos crescerem intelectualmente, estão na televisão “aberta”, passam muito cedo da manhã, horário que a criança ainda está dormindo ou o adulto está indo para o trabalho, não existe um meio termo.
            Muita violência e pouca educação. Muito cuidado policial com o Senhor Obama, aquele que é o “cara” para o mundo, nessa visita ao Brasil, e pouca proteção aqueles que fazem do Brasil um país melhor, nós professores. Não estamos sendo respeitados em vários aspectos, sejam políticos ou sociais.
            Viver com dignidade no nosso país é uma tarefa árdua, precisamos de muita paciência e perseverança, além de tudo temos que esperar e lutar para que tudo isso um dia melhore.

Artigo publicado no Jornal Tribuna Independente no dia 22.3.2011

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