Roselene Nunes de Lima
Quantos textos, livros, jornais ou revistas publicam o tema analfabetismo funcional? Nem conseguimos contar. Os textos científicos e de opinião mencionam praticamente sempre o mesmo, que o Brasil está com alto índice de analfabetos funcionais, aquelas pessoas que se dizem alfabetizadas, assinam o nome, mudam de ano escolar – são aprovadas, arrumam “empregos”, mas não conseguem entender o que leem. Alguns escrevem e depois não conseguem ler o que escreveram ou por não entenderem a própria letra ou por não se lembrarem do que escreveram.
A música constante no celular, o namoro, o bar, as piadas na TV, os chopes ou as cachaças nos fins de semana, os shows ou..., são opções mais atrativas do que sentar para estudar e se dedicar a um texto, por pequeno que seja esse tempo de dedicação. Momentos que enriquecem a nossa inteligência são poucos para a maioria dos brasileiros, pois sempre existe uma desculpa para não fazê-lo.
Nós, professores, que estamos com esse público todos os dias, sabemos muito bem como é. É um tal de “não tive tempo, professora” que é de entristecer. E se o aluno é do noturno a situação ainda é pior. Sempre defendo que dar aula no noturno é ir receber o salário. O trabalho não “anda”, fica parado. Esta inércia não é desejo nosso, é a quantidade imensa de alunos faltosos, eles assistem duas aulas e faltam duas ou três – com poucas exceções. São vários os motivos para a falta de acompanhamento. Estava trabalhando, cansado, com preguiça (é, eles falam mesmo que não foram à aula por preguiça ou porque “quis”) ou que tinha ido assistir à novela ao futebol, ao BBB 11...
Não se sabe se já houve paciência, mas acredita-se que este “ser” não exista em grande proporção, pois a maioria dos nossos alunos não tem paciência com as pessoas, nem consigo mesmo.
Quando a criança aprende a ler, os adultos exigem muito dela solicitando que leia rápido aquele texto e ainda dizem que ela não sabe ler direito. A criança fica tão impressionada e ansiosa para ler rapidamente que esquece o verdadeiro sentido da leitura, que é entender o que se lê. Há uma transferência dessas informações para os anos seguintes de escolaridade e os alunos sabem ler (bem rápido), mas não sabem entender o que estão lendo. O triste disso tudo é que esses alunos crescem e querem que os professores leiam para eles as avaliações, as histórias, os artigo de jornais e outros textos.
Não dá para ler o tempo todo para eles, é preciso crescer e perder o medo de aprender, um dia nós começamos a ler e aprendemos a entender, agora é a parte deles.
Artigo publicado no Jornal Tribuna Independente no dia 2.4.2011
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