quarta-feira, 13 de abril de 2011

Educação parece com homeopatia

            A educação é muito parecida com a homeopatia. É preciso o tratamento homeopático para nos livrar de certos males, mas não podemos desobedecer ao que se prescreve como medicamentos e regimes. O resultado ocorre, não precisa se desesperar, pois é preciso paciência e perseverança. Pouco tempo depois teremos bons frutos daquele esforço que logo passou e foi muito válido. Infelizmente, o quadro que encontramos na educação é quase desesperador, as escolas precisando de reforma na estrutura física e nos bens móveis. O quadro funcional está desfalcado com tantos funcionários se aposentado e os concursos que não acontecem para os profissionais ocuparem essas vagas. Muitos contratos com baixo salário, pouco atrativo para que os contratados trabalhem pelo período estabelecido.
            Não está sendo atrativo trabalhar na educação. Contamos com um limitado recurso humano e material. Algumas escolas, em Maceió, iniciaram as aulas, mas os alunos ainda não tiveram todas as aulas, falta professor. Quando a escola tem professor o suficiente para começarem as aulas, falta algo, como merenda ou material didático, sem contar com os ventiladores. As salas com 40 ou 45 alunos e o calor ficando mais intenso. Não adianta chover, o calor é grande.
            O governo estadual distribuiu o material didático – mochila, cadernos, lápis, borracha, etc – e faltou distribuir carteiras escolares, cadernetas dos professores, ventiladores. O salário aumentou sem retroativo, como se todos os preços no Brasil tivessem sido congelados junto com o salário, desde 2006.
            Temos alunos órfãos de pais vivos que são carentes demais para aprender em um ano o que deveria aprender, precisamos socializar, conhecer e depois começar a ensinar os conteúdos a esses clientes. Nas aulas do noturno temos as mais diversas situações. Separar brigas, ouvir ambos os lados, tentar mediar o que, muitas vezes, não tem mediação. Servimos de mães e pais, somos também muito xingados por eles, porque acham que podem fazer isso, não existe aquele respeito “daquela época”. Os alunos falam alto, medem voz um com o outro. Pronto, já estamos no caminho “certo” da educação sem educação.
            A dica é que todos façamos a nossa parte, é trabalhoso, mas dá bons resultados, vamos trabalhar para que a educação fique boa, porque não pode melhorar o que está ruim.

Artigo publicado no Jornal Tribuna Independente no dia 13.4.2011

domingo, 3 de abril de 2011

Eles não conseguem entender.



Roselene Nunes de Lima



            Quantos textos, livros, jornais ou revistas publicam o tema analfabetismo funcional? Nem conseguimos contar. Os textos científicos e de opinião mencionam praticamente sempre o mesmo, que o Brasil está com alto índice de analfabetos funcionais, aquelas pessoas que se dizem alfabetizadas, assinam o nome, mudam de ano escolar – são aprovadas, arrumam “empregos”, mas não conseguem entender o que leem. Alguns escrevem e depois não conseguem ler o que escreveram ou por não entenderem a própria letra ou por não se lembrarem do que escreveram.
            A música constante no celular, o namoro, o bar, as piadas na TV, os chopes ou as cachaças nos fins de semana, os shows ou..., são opções mais atrativas do que sentar para estudar e se dedicar a um texto, por pequeno que seja esse tempo de dedicação. Momentos que enriquecem a nossa inteligência são poucos para a maioria dos brasileiros, pois sempre existe uma desculpa para não fazê-lo.
Nós, professores, que estamos com esse público todos os dias, sabemos muito bem como é. É um tal de “não tive tempo, professora” que é de entristecer. E se o aluno é do noturno a situação ainda é pior. Sempre defendo que dar aula no noturno é ir receber o salário. O trabalho não “anda”, fica parado. Esta inércia não é desejo nosso, é a quantidade imensa de alunos faltosos, eles assistem duas aulas e faltam duas ou três – com poucas exceções. São vários os motivos para a falta de acompanhamento. Estava trabalhando, cansado, com preguiça (é, eles falam mesmo que não foram à aula por preguiça ou porque “quis”) ou que tinha ido assistir à novela ao futebol, ao BBB 11...
Não se sabe se já houve paciência, mas acredita-se que este “ser” não exista em grande proporção, pois a maioria dos nossos alunos não tem paciência com as pessoas, nem consigo mesmo. 
Quando a criança aprende a ler, os adultos exigem muito dela solicitando que leia rápido aquele texto e ainda dizem que ela não sabe ler direito. A criança fica tão impressionada e ansiosa para ler rapidamente que esquece o verdadeiro sentido da leitura, que é entender o que se lê. Há uma transferência dessas informações para os anos seguintes de escolaridade e os alunos sabem ler (bem rápido), mas não sabem entender o que estão lendo. O triste disso tudo é que esses alunos crescem e querem que os professores leiam para eles as avaliações, as histórias, os artigo de jornais e outros textos.  
Não dá para ler o tempo todo para eles, é preciso crescer e perder o medo de aprender, um dia nós começamos a ler e aprendemos a entender, agora é a parte deles.

Artigo publicado no Jornal Tribuna Independente no dia 2.4.2011