sexta-feira, 24 de setembro de 2010

As crianças já sabem em quem votar!


Roselene Nunes de Lima

            A cada dois anos acontece o mesmo evento: eleições. Todos sabem que às vésperas da realização desta grande festa democrática ficamos agitados, planejamos as idas aos municípios vizinhos, se for o caso de quem não vota na sua cidade, fazemos parcerias com os colegas nas caronas e até fazemos uma festinha particular quando os nossos candidatos, aqueles que acreditamos que têm as melhores chances de melhorar o Brasil, estão na frente. Uns ficam tristes e às vezes até agressivos por não conseguirem o que queriam e outros felizes. No geral estamos tristes por tantas mortes nas filas dos hospitais públicos, tanta violência e tantas pernoitadas as portas de escolas públicas, as pessoas armam as barracas e por vezes, também, “barracos”. Não precisamos passar por tudo isso, que infelizmente não estamos conseguindo melhorar rapidamente. O êxito demora, somos muitos e temos necessidades demais.
            Falando em violência, pensamos que as “faculdades” que “diplomam” os bandidos estão sempre de portas abertas e com mensalidades pagas aos “alunos”, porque é notícia ruim a todo o momento, está muito banal ver um homicídio ou qualquer ato violento. Abuso sexual contra adultos e crianças e (...). Parece-nos faltar sempre a punibilidade. Então fica impossível falar de tudo isso e a criança ficar alheia ao que ocorre, pois ela é, muitas vezes, a vítima.
            Quem quiser que pense que a criançada está por fora de tudo isso. Criança não brinca apenas, ela está atenta a tudo o que ocorre ao seu redor, sabe e vê tudo que passa por perto dela. Aprende facilmente, discute as questões sociais, sabe entrar em qualquer assunto, embora tenha tantas dúvidas e enganos, mas os adultos também têm.
            No período que a televisão transmite o guia eleitoral alguns reclamam e não assistem, adultos estão cansados das promessas de políticos e se esgotam facilmente de assistirem o que julgam balela, não é para menos, com tanto episódio ruim na vida real, ninguém deixa de ter razão – que por vezes tem sido uma razão coletiva. Embora muita gente pense que não, mas as crianças estão assistindo o guia eleitoral, sabem as músicas, os partidos, as propostas de todos os candidatos, elas discutem qual deve ser o sucessor desse ou daquele político, arriscam a dar um palpite para o vencedor, acompanham os debates e julgam os melhores políticos na discussão. As crianças votam nulo, branco e nos candidatos que escolhem, elas participam também. Elas não votam por votar, sempre buscam defender as suas escolhas. A grande diferença é que elas defendem os seus candidatos sem agredir verbalmente o colega que defende outros candidatos, pois acompanho a movimentação delas nas escolas que trabalho. Isto é o que chamamos de democracia.

Artigo publicado no jornal Tribuna Independente dia 24.9.2010

sábado, 18 de setembro de 2010

As paredes ouvem bem!

Roselene Nunes de Lima

                Não só as paredes têm ouvidos, nós também temos e muitas vezes ouvimos bem mesmo. Vocês já perceberam que tem gente que pensa que somos surdos e gritam quando falam ao celular? Celular? Esta é a palavras chave. Passamos a ter menos tempo de ver as pessoas, pois falamos pelo celular, e como falamos! Quando foi lançada a promoção da “oi”, aquela dos fins de semana, ficava impossível dar aula com tantos alunos “comprometidos” falando ao celular. Vocês pensam que eles estavam preocupados se atrapalhavam os colegas? Não estavam mesmo. Tivemos a febre dos fins de semanas, que agora diminuiu um pouco. Bem, não importa qual operadora, mas qualquer uma hoje dá um mundo de vantagens e as conversas inadiáveis são constantes. Não importa se é um aluno ou é um profissional. As reuniões ficam difíceis de serem conduzidas com tantos aparelhos ligados sem estarem no modo silencioso.
            Será que nos esquecemos de respeitar os ambientes? Falamos muito ao celular e as pessoas ao nosso redor nem querem ouvir a nossa conversa, nem percebemos que falamos um monte de besteiras além de realizarmos negócios, que são tão particulares. Até no banheiro público ouvimos as vozes altas dando instruções ou broncas, endereços ou contas bancárias, elogios ou críticas, “eu te amo” ou “eu te odeio”. Às vezes até esqueço o celular em casa e acho bom, pois não incomodo ninguém que esteja de fora.
            Celular no volante, esse é um perigo constante, parafraseando a frase machista, que nem preciso repetir. Multas e colisões sempre acontecem.
            Na hora da aula é que acontece o caos. O aluno sai, perde o momento da aula, volta diz que não entendeu nada e quer uma repetição. Sem contar com aquele que não sai da sala, conversa como se estivesse em seu escritório aproveitando grande tempo de perda da aula. As crianças também andam com celular e ligam na hora da aula. Outro dia eu estava dando aula e uma aluna começou a conversa às 7 horas da manhã, assim que entrou na sala. Eu pensando que poderia ser a mãe dela resolvi não intervir. Quando foi umas 8 horas tive que falar. Perguntei se era o escritório dela, foi quando ela desligou. A aluna tinha 13 anos e a família permitiu que ela levasse o celular para escola. E agora? Bem, o ideal é que se entre num acordo entre professores e alunos.
            Quando a aula é com adolescente, tudo bem, a fase é de contrariar. E quando o curso é de professor para professores? Os próprios professores criticam os alunos da educação básica, mas não fazem o que querem que os alunos façam. Ouvimos cada conversa que nem esperamos e nem queremos. Não precisamos alugar um escritório para usar o celular, mas podemos ter mais cautela.
Artigo publicado no jornal Tribuna Independente em 18.9.2010

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Exigir o quê?

Roselene Nunes de Lima

            Na hora de escolher um produto para consumo as pessoas escolhem o melhor, na hora de escolher um salão de beleza ou uma loja para visitar, as pessoas escolhem os melhores. Todos escolhem o melhor, preferem o melhor e estão preparados para o melhor. Ninguém vai se preocupar em comprar para si mesmo algo de qualidade duvidosa ou não confiável. O sabão, o sabonete, a roupa, tudo melhor. Mas é lógico, não queremos qualquer objeto que não seja de qualidade boa.
            Vocês já perceberam que muitas pessoas estão em busca do “mais, mais” e querem o melhor? Mas nem sempre estão dispostos a pagar o preço merecido. Vão à costureira e escolhem o modelo mais bonito, este dá mais trabalho e requer mais material para fazê-lo. Chamam um técnico de informática ou da máquina de lavar, geladeira, dentre outras máquinas e querem que sejam o mais bem conceituado técnico e que, além disso, tenha boas referências. Contratam um jardineiro que tenha uma “boa mão para a terra”. Não é tão difícil de entender.
            Quantas vezes vimos ou sabemos de alguém que disse que os serviços são muito caros, que desse jeito não dá, que no outro profissional é mais barato. Colocamos inúmeros obstáculos para compensar uma pessoa por um serviço bem feito que tenha uma boa durabilidade e uma ótima eficiência. É bom que cada um de nós nos coloquemos no lugar das pessoas que estão prestando aquele serviço.
            Na Educação é muito parecido. As pessoas estão às portas de prestar um concurso ou vestibular, procuram um professor particular, acreditam que ele fará milagres às vésperas do exame, querem ser aprovadas. E na hora de pagar a conta? Querem preços baixos e boa qualidade nas aulas. Muitas vezes a pessoa que procurou o professor não tem aptidão para estudar aquele assunto, não gosta mesmo, nunca aprendeu na época da escola porque não gostava daquela disciplina e não queria remunerar bem aquele professor, ou pelo menos pagar o que lhe foi cobrado. Assim é fácil querer cada vez mais.
            Algumas mães querem contratar professores particulares para os seus filhos e não querem pagar o valor merecido. Aula em domicílio acarreta tempo de idas e vindas do profissional. Mas quanto custa a educação dos seus filhos? Será que você pode procurar qualquer um para ensinar ou quer realmente um profissional competente? Até que ponto é interessante procurar um professor para ensinar conteúdos aos seus filhos? E porque não procurar um professor que prime em subsidiar a aprendizagem e o pensar dos seus filhos?
            Artigo publicado no jornal Tribuna Independente em 10.9.2010

terça-feira, 7 de setembro de 2010

EDUCAÇÃO E CENSURA


EDUCAÇÃO E CENSURA
Roselene Nunes de Lima

Crianças e adolescentes precisam de limites (e querem). Também precisam de líderes e têm. Quando esse líder é o pai, a mãe, o amigo, a tia, etc. que tem boa vontade, boa índole e paciência para lidar com eles, tudo bem. Mas, volte agora no tempo e lembre-se que 30 ou 40 anos atrás existiam virtudes como o respeito, a ética, a cooperação, dentre outras. E, agora? Como reencontraremos tudo isso?
Nossos valores estão ficando sem valor. De que forma iremos recuperar todos ou quase todos os valores que estão ficando apagados com o tempo? Talvez se o dinheiro perdesse um pouco da atenção que tem (ou precisa ter) fosse um pouco menos trabalhoso reconquistar o que, de certa forma, já se foi.
Há muito apelo nos comerciais para que tornemo-nos mais consumistas e vaidosos. Mas, como poderemos nos tornar um consumidor consciente, se o que as crianças aprendem nos filmes, não autorizados pelos familiares, é que as pessoas que fazem coisas erradas são as que se dão bem?! Então, fica a lógica de que o incorreto pode ser uma boa.
Os nossos alunos têm tido ultimamente uns ídolos nada desejáveis. Quantas vezes em sala de aula ouvimos um aluno ou mais repetindo frases de filmes que assistem, tendo como ídolo o vilão do filme, aquele que é cruel, que se dá bem com o tráfico de drogas ou com roubos, furtos, dentre outros delitos. E aquele aluno que chega dizendo: “Ei, meu nome é Zé Pequeno, eu sou o dono dessa boca.” O que leva os nossos alunos a se mirarem nesses personagens, tornando-os seus ídolos? Seria a falta de um líder honesto e ético, capaz de despertar nessa criança o senso da responsabilidade? Ou seria falta de um líder que tivesse tempo de orientá-lo para que fosse honesto com senso crítico suficiente para ser ético?
Sabemos que nem tudo que ocorre na vida dos filhos os pais têm culpa, mas ficou muito fácil gerar uma criança e “jogá-la fora” depois de nascida – nesta sociedade acelerada. Somos muito ocupados para tomar conta de nossos filhos; temos pouca paciência para suas perguntas tolas, com seus porquês, suas brincadeiras infantis, piadas que aprendemos na 3ª série, quando tínhamos 8 anos de idade e, que eles aprenderam agora. Devemos e podemos saber quais filmes nossas crianças querem assistir e criarmos uma crítica coletiva do filme, mostrando os porquês a elas.
Artigo publicado no jornal O Jornal em 20.08.2008

domingo, 5 de setembro de 2010

Problemas não é problema


Sugestão da profª Aparecida (foto) para alunos do 5º ano.

Resolva as questões representando com figuras:

Sete amigos vão a uma lanchonete e resolvem comprar uma torta quadrada que custa R$ 20,00, contribuindo para o pagamento conforme suas posses com as seguintes quantias: João paga R$ 5,00, Pedro paga R$ 5,00, José paga R$ 2,50, Juliano paga R$ 1,25, Félix paga R$ 1,25, Cândido e Paulo pagam R$ 2,50 cada um. A torta será dividida em partes equivalentes as quantias pagas. Marque no Tangram abaixo a parte com o nome que melhor representa a quantia paga por cada um.

Na hora de comer a torta, João sugeriu dividirem apenas a metade da torta e guardar a outra metade para a hora do jogo em sua casa. Neste momento, chega sem dinheiro e querendo lanchar, o Júnior. Como ficará a divisão da metade da torta igualmente ainda segundo o Tangram? (Marque na figura 1). Que figuras geométricas planas representam melhor as fatias? Em quantas fatias iguais pode ser dividida a metade do Tangram? (Marque na figura 2). Todos vão comer a mesma quantidade na hora do jogo? Como será dividida toda a torta? (Represente na figura 3).
 As figuras 1, 2 e 3 são o próprio tangram (figura acima). Incentive o seu aluno a construir o próprio tangram.
O professor precisa diversificar cada questão, levando em conta o nível da turma no geral, propor agrupamentos produtivos que proporcione intervenções possíveis para a superação de dificuldades não só com a sua assistência, mas nas trocas entre os grupos onde as discussões garantirão uma melhor circulação de informação com trocas de experiências e facilitarão a intervenção do professor apenas quando necessária. Para tanto, faz-se necessário agrupar em dupla, trio ou quarteto, pois equipes maiores fogem do controle e se dispersam.
Para garantir que o aluno está refletindo sobre o que está fazendo, ou seja, dinamizar a aprendizagem (fazer circular para todos os produtos). O professor solicita a representação escrita dos problemas representados.
Exemplo: ½ da torta foi paga por João e Pedro. Quem pagou ¼ do restante? Que fração foi paga por José, Juliano e Félix?
Cândido e Paulo pagaram juntos que fração? Na primeira partilha ½, como foi dividida?

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Tabuada neurótica


Roselene Nunes de Lima

Os atores e as atrizes desempenham uma atividade maravilhosa, que é a arte de representar, portanto para que isso ocorra é preciso decorar textos, muitos textos.  Mesmo assim, alguns, às vezes, esquecem as suas falas, ficam perdidos e repetem a cena, se essa cena for gravada. Mas se for ao teatro não se sabe bem o que ocorre, até improvisam.
Vamos deixar a arte de decorar para os profissionais que precisam disso, pois os nossos alunos não precisam decorar nada, precisam pensar e criar. Tabuada decorada é tabuada não compreendida. Se não ocorrer a compreensão, então para quê decorar? Se nós mostrarmos aos nossos alunos a importância de conhecer e aprender; socializar e praticar, então teremos alcançado o estudo compreendido da tabuada.
Temos um número muito grande, até incontável, de mães e pais dos nossos alunos com aquela neura com os filhos, forçam-os a andar com a tabuada para que seja decorada, não importando a idade da criança, alguns até acreditam que se seus filhos souberem a tabuada conseguirão fazer os problemas e saberão pensar. Será? Use a calculadora para resolver um problema e veja se ela lhe será útil se você não souber o caminho para resolver este problema. O computador, a calculadora, os equipamentos eletrônicos não funcionarão se não soubermos pensar para colocá-los em funcionamento. Operar um aparelho exige, pelo menos, que pensemos ao ler o manual.
A calculadora nos abreviará o tempo de resolução de um determinado problema, não resolverá cálculos por si só, ela é uma máquina que não pensa, é comandada por quem pensa. Pressão psicológica não faz as pessoas assimilarem este ou aquele conteúdo, a boa ideia é sugerir que o aluno estude, principalmente o adolescente, não é importante apenas impor. Precisamos dar exemplos e incentivar os nossos jovens ao interesse coletivo ao pensar e ao raciocinar e concretizar.
 Aos pais e professores tradicionais é importante mostrar que as crianças aprendem a tabuada apenas resolvendo as questões de raciocínio lógico, elas memorizarão a tabuada simplesmente em consultá-la, não dá trabalho, não precisa forçá-las a isso e elas ficam mais livres para pensar e concretizarem. 
A melhor forma de fazer o aluno memorizar a tabuada não é fazer um monte de “arme e efetue”, como antigamente, pois é cansativo e não levará a aprendizagem útil e necessária para que ele vivencie outras situações no dia a dia, a melhor forma é levar ao conhecimento dele um leque de atividades lúdicas que elabore o pensar. Mudemos para melhor!
Artigo publicado no jornal Tribuna Independente no dia 2.9.2010

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Jogo do resto

O jogo do resto foi aplicado pela professora Teresa (nas fotos) num encontro de tutores de pró-letramento de matemática em Maceió.
Como se joga:
De dois a quatro jogadores a partir do 5º ano do Ensino Fundamental.
Joga-se o dado, pegue o número de cada casa e divida pelo resultado, o resto da divisão será a quantidade de casas que o jogador andará. Observe que a casa inicial é o 17. Os valores vocês podem colocar de acordo com o critério escolhido, precisando haver lógica, pois o 60 é divisível por 1, 2, 3, 4, 5 e 6, ou seja, todos os valores que aparecem no dado de 6 faces, dando resto zero. Se o resto da divisão for zero, então o jogador não sairá do lugar. Se um jogador cair na casa zero ele sairá do jogo.
Comece agora mesmo a jogar com os seus alunos.