Roselene Nunes de Lima
Não só as paredes têm ouvidos, nós também temos e muitas vezes ouvimos bem mesmo. Vocês já perceberam que tem gente que pensa que somos surdos e gritam quando falam ao celular? Celular? Esta é a palavras chave. Passamos a ter menos tempo de ver as pessoas, pois falamos pelo celular, e como falamos! Quando foi lançada a promoção da “oi”, aquela dos fins de semana, ficava impossível dar aula com tantos alunos “comprometidos” falando ao celular. Vocês pensam que eles estavam preocupados se atrapalhavam os colegas? Não estavam mesmo. Tivemos a febre dos fins de semanas, que agora diminuiu um pouco. Bem, não importa qual operadora, mas qualquer uma hoje dá um mundo de vantagens e as conversas inadiáveis são constantes. Não importa se é um aluno ou é um profissional. As reuniões ficam difíceis de serem conduzidas com tantos aparelhos ligados sem estarem no modo silencioso.
Será que nos esquecemos de respeitar os ambientes? Falamos muito ao celular e as pessoas ao nosso redor nem querem ouvir a nossa conversa, nem percebemos que falamos um monte de besteiras além de realizarmos negócios, que são tão particulares. Até no banheiro público ouvimos as vozes altas dando instruções ou broncas, endereços ou contas bancárias, elogios ou críticas, “eu te amo” ou “eu te odeio”. Às vezes até esqueço o celular em casa e acho bom, pois não incomodo ninguém que esteja de fora.
Celular no volante, esse é um perigo constante, parafraseando a frase machista, que nem preciso repetir. Multas e colisões sempre acontecem.
Na hora da aula é que acontece o caos. O aluno sai, perde o momento da aula, volta diz que não entendeu nada e quer uma repetição. Sem contar com aquele que não sai da sala, conversa como se estivesse em seu escritório aproveitando grande tempo de perda da aula. As crianças também andam com celular e ligam na hora da aula. Outro dia eu estava dando aula e uma aluna começou a conversa às 7 horas da manhã, assim que entrou na sala. Eu pensando que poderia ser a mãe dela resolvi não intervir. Quando foi umas 8 horas tive que falar. Perguntei se era o escritório dela, foi quando ela desligou. A aluna tinha 13 anos e a família permitiu que ela levasse o celular para escola. E agora? Bem, o ideal é que se entre num acordo entre professores e alunos.
Quando a aula é com adolescente, tudo bem, a fase é de contrariar. E quando o curso é de professor para professores? Os próprios professores criticam os alunos da educação básica, mas não fazem o que querem que os alunos façam. Ouvimos cada conversa que nem esperamos e nem queremos. Não precisamos alugar um escritório para usar o celular, mas podemos ter mais cautela.
Artigo publicado no jornal Tribuna Independente em 18.9.2010
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