terça-feira, 7 de setembro de 2010

EDUCAÇÃO E CENSURA


EDUCAÇÃO E CENSURA
Roselene Nunes de Lima

Crianças e adolescentes precisam de limites (e querem). Também precisam de líderes e têm. Quando esse líder é o pai, a mãe, o amigo, a tia, etc. que tem boa vontade, boa índole e paciência para lidar com eles, tudo bem. Mas, volte agora no tempo e lembre-se que 30 ou 40 anos atrás existiam virtudes como o respeito, a ética, a cooperação, dentre outras. E, agora? Como reencontraremos tudo isso?
Nossos valores estão ficando sem valor. De que forma iremos recuperar todos ou quase todos os valores que estão ficando apagados com o tempo? Talvez se o dinheiro perdesse um pouco da atenção que tem (ou precisa ter) fosse um pouco menos trabalhoso reconquistar o que, de certa forma, já se foi.
Há muito apelo nos comerciais para que tornemo-nos mais consumistas e vaidosos. Mas, como poderemos nos tornar um consumidor consciente, se o que as crianças aprendem nos filmes, não autorizados pelos familiares, é que as pessoas que fazem coisas erradas são as que se dão bem?! Então, fica a lógica de que o incorreto pode ser uma boa.
Os nossos alunos têm tido ultimamente uns ídolos nada desejáveis. Quantas vezes em sala de aula ouvimos um aluno ou mais repetindo frases de filmes que assistem, tendo como ídolo o vilão do filme, aquele que é cruel, que se dá bem com o tráfico de drogas ou com roubos, furtos, dentre outros delitos. E aquele aluno que chega dizendo: “Ei, meu nome é Zé Pequeno, eu sou o dono dessa boca.” O que leva os nossos alunos a se mirarem nesses personagens, tornando-os seus ídolos? Seria a falta de um líder honesto e ético, capaz de despertar nessa criança o senso da responsabilidade? Ou seria falta de um líder que tivesse tempo de orientá-lo para que fosse honesto com senso crítico suficiente para ser ético?
Sabemos que nem tudo que ocorre na vida dos filhos os pais têm culpa, mas ficou muito fácil gerar uma criança e “jogá-la fora” depois de nascida – nesta sociedade acelerada. Somos muito ocupados para tomar conta de nossos filhos; temos pouca paciência para suas perguntas tolas, com seus porquês, suas brincadeiras infantis, piadas que aprendemos na 3ª série, quando tínhamos 8 anos de idade e, que eles aprenderam agora. Devemos e podemos saber quais filmes nossas crianças querem assistir e criarmos uma crítica coletiva do filme, mostrando os porquês a elas.
Artigo publicado no jornal O Jornal em 20.08.2008

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