Roselene Nunes de Lima
Senso comum, este é o cadeado da cabeça de muita gente por aí. As crianças vão para escola com as cabecinhas “feitas” pelos familiares e lá, muitas vezes, nem mudam muito, galgam outros níveis escolares com o senso “melhorado”, mas comum, chegam à universidade e o conhecimento científico não ajuda muito. Quantos alunos não conseguem enxergar a solução de um problema por ter um pensamento muito infantilizado para exercer o cognitivo avançado? Nossos alunos decoram, ainda, muitas fórmulas e teoremas, esquecem que precisam, e muito, do conhecimento científico, do diálogo das ideias e aprofundamento nos assuntos e o pensar.
Não se está conseguindo passar num concurso apenas com os conteúdos que se aprendem nas escolas. Lógico! O que se exige é que os futuros funcionários saibam pensar, mas pensar nem todo mundo quer. Pensar não se ensina na escola, a escola apenas subsidia o ato de fazê-lo. Pensar exige de cada indivíduo um esforço em vários sentidos, tem que saber ler, escrever, resolver problemas e situações diárias. É importante ler, discutir determinados assuntos, perguntar, assistir aulas e bons filmes e documentários, não somente pensar que nós, professores, simples mortais, devemos colocar as ideias e sugestões nas cabeças pensantes, que são dos alunos.
Todos somos capazes, mas só se aprende quando se quer, tem que haver uma mobilização intrínseca para o saber, ou seja, o sujeito precisa está espontâneo para os conhecimentos e saberes. Ninguém ensina apenas. Só há ensino quando há aprendizagem. As campanhas de trânsito avisam que “se beber não dirija”, mas são inúmeros os acidentes por causa dos condutores embriagados, mesmo havendo conhecimento científico para essa constatação. Os pais defendem os filhos em todas as circunstâncias e esquecem que, às vezes, eles têm culpa por alguma coisa que fizeram, não deixam eles pensarem e chegarem à conclusão que erraram, então esses filhos vão sempre pensar que estão certos. Não pedem desculpas e não fazem uma reflexão dos seus atos, porque sempre são defendidos pelos pais a todo momento, por essa razão, crescem adultos indefesos e sempre achando que estão certos.
Nossos alunos não perdoam os colegas que erram, no entanto vivem errando aos montes e não se dão conta disso. Será que é o senso comum aprendido desde muito cedo, ainda quando muito pequenos? Não há uma autoavaliação, eles simplesmente não conhecem o que significa isso. A tarefa de avaliar os colegas é muito fácil, aquela fofoquinha, ver apenas um lado da história e pronto, agora é só espalhar o assunto e todos rirem a vontade dos colegas.
Outro dia num clube vi uma criança de uns 7 anos deixar a bola cair debaixo do carro, a bola não saiu e ela começou a pensar como tirá-la dali, depois de uns 2 minutos o pai da criança surgiu, sem perguntar ou falar nada, com uma vassoura e retirou a bola. Parabéns papai! O pai tirou o filho do sufoco. Esqueceu que esta tarefa deveria ser do filho, assim ele teria formulado sua teoria sobre a retirada da bola e o senso comum logo poderia sumir da sua cabeça, não deixou que a criança sistematizasse o problema dela naquele momento para ter uma solução. Mais tarde, esse pai cobra maturidade e a perda do pensamento comum da criança, exige que o filho seja um adulto quando ele próprio esqueceu de ensinar.
Vamos ensinar nossas crianças a serem gente de bem, inteligentes e pensantes desde cedo, não é difícil e nos dará um enorme prazer quando todas elas crescerem e já formarem outras crianças, até melhores. Não solucionem os problemas pelas crianças deixem-nas pensarem.
Artigo publicado no jornal Tribuna Independente em 11.5.2010
Parabéns, muito bom os textos, esses em especial é o que realmente ocorre no cotidiano, se pararmos para pensar os principais culpados sempre são os pais, mas e aqueles que não tem pais, a culpa é da sociedade?!
ResponderExcluirBjs. Sucessos.