Roselene Nunes de Lima
Quem é da área de Educação já ouviu muito (ou falou) sobre algum aluno, que esse não quer nada com a vida pelo fato dele não se adequar ao seu método de dar aula, por estar desatento, por fazer perguntas imaturas ou mesmo de não se comportar de acordo com sua disciplina imposta.
Nem precisa ser da área de Educação, muita gente deprecia um ou outro jovem com a frase infeliz que este ou aquele jovem não quer nada com a vida. É perceptível que as pessoas, muitas vezes, repetem apenas o que ouviram da sua adolescência e não gostaram, mas fazem com outras pessoas, diminuem sua autoestima.
Se nosso aluno não quer nada com a vida, então vai querer com a morte? O que é querer alguma coisa com a vida, do ponto de vista da crítica popular?
Inúmeras vezes escutamos um profissional da Educação falando, de forma equivocada, esta frase. De que forma podemos ter alunos elevando a autoestima se esses não forem bem tratados e bem estimulados? Exigimos muito, mas precisamos dar mais de nós aos nossos alunos. Precisamos dar mais de nós aos nossos filhos, as nossas crianças e começar a entender que os alunos às vezes não querem, no momento, se dedicar aos estudos, mas quer sim, algo com sua própria vida com alguma coisa, ou seja, está interessado em outros desejos. Educação não é adquirida somente na escola, a escola é uma ponte para a aquisição do conhecimento. Porque família e sociedade não prestam atenção no que estão fazendo para depois reclamar (se for o caso) com os nossos jovens?
Nós, enquanto educadores, precisamos dialogar com os alunos de forma prazerosa, que dê a ele subsídio ao conhecimento e a conquista de novos saberes. De forma que o depois não se revele em um “desastre”. Lidar com crianças e adolescentes é lidar com mudanças constantes, dúvidas, desafios, variação de humor e de ideias.
Todos nós queremos alguma coisa com a vida, não importa se o que queremos é bom ou ruim. Sabemos de pessoas que seguiram caminhos ilícitos e outras que são lícitas, independente de ter estudado em escola. Alguns gênios foram “condenados” pelos professores e pela sociedade e, mesmo assim, foram gênios. Precisamos ter um olhar mais atencioso e delicado para os nossos alunos, eles precisam e merecem esta atenção.
Precisamos buscar inspiração, (re) criar nossas aulas, incluir ludicidade na escola, colocar nossos alunos como atores principais na educação escolar, fazê-los criar e explorar os horizontes, valorizar e construir com eles seus fazeres e suas criações.
Nossos alunos querem atenção e carinho, quando são adolescentes querem contrariar também, portanto, podemos falar a língua deles, conquistá-los e tê-los como aliados no processo de educação escolar. Nossas crianças e adolescentes mais tarde serão adultos e não queremos qualquer adulto. Tudo pode ser melhor. Depende mais do adulto, o líder, o (a) professor (a). Os alunos aprendem mais com as nossas atitudes do que com nossas aulas.
Pense nisso!
Artigo publicado no jornal Tribuna Independente em 23.2.2010
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