Roselene Nunes de Lima
Como está a educação no Brasil? O Ministério da Educação e Cultura tem incentivado incansavelmente na luta contra o analfabetismo, vem criando programas e mais programas para a educação ficar de qualidade ou manter a qualidade, programas que tratam da gravidez na adolescência, prevenção de uso de drogas psicotrópicas e muitos outros não menos excelentes, investe em cursos on-line e presenciais para qualificar ainda mais as nossas aulas.
O MEC faz investimento na formação continuada, aquelas formações que têm os tutores se preparando para liderarem uma turma de professores, objetivando a apresentação de aulas mais dinâmicas, mais reais, mais lúdicas, mais atrativas para os alunos, dentre outras qualidades. Além disso, é exigido que os professores apliquem todo seu potencial para que os alunos saiam dos níveis escolares cada vez melhores, sendo pensantes, criativos e conhecedores da maior quantidade de conteúdos.
Temos a Prova Brasil, a Provinha Brasil, o Enem, o Enade, OBMEP (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas), OBA (Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica) e por aí vai. Todas essas avaliações são inteligentes e desafiadoras, ficamos felizes com tanta qualidade, mais felizes ainda quando nossos alunos têm sucesso. No pró-letramento em Língua Portuguesa e Matemática, programas de formação continuada, é exigido que exploremos bastante o raciocínio lógico dos nosso alunos, que consigamos fazê-los serem conhecedores de conteúdos voltados para sua realidade e que seja elevado o potencial intelectual deles.
Agora, quando o assunto é a escolha do livro didático, então vamos com calma! Cria-se uma comissão de técnicos e professores (não sabemos) para analisar os diversos livros que o mercado editorial brasileiro nos apresenta – claro que todas as editoras estarão lá, comparecem em massa – para discutirem os títulos que os professores de educação básica possam escolher nas suas escolas públicas municipais, estaduais ou federais. Nós que trabalhamos nas escolas como professores regentes, que damos aulas de fato, não ficamos sabendo quais pessoas foram indicadas, nem quando, para a realização da escolha dos livros. Quais professores representam a gente e quais são as ideias deles sobre os componentes curriculares.
Não sabemos o motivo de tão pouca informação quanto a essa escolha. Embora muitos falem que temos muitos títulos a analisar e depois solicitar o que julguemos o melhor para a nossa escola, não nos convencemos quando descobrimos que muitos livros maravilhosos ficaram de fora porque o nosso representante nem sabia do nosso trabalho, da nossa aplicação educacional em sala de aula e extraescolar. Mas se fala tanto em acabar com os preconceitos. Eles acham que conhecem nossa metodologia, verificam apenas os índices das avaliações, não nos acompanham e esquecem que educação é a longo prazo.
São tantas exigências sobre a melhor forma de educar nossos clientes – os alunos, mas deixaram de fora, em matemática, dois títulos lúdicos, inteligentes, que atendem os pilares da educação e que prezam pelo raciocínio lógico dos alunos. Projeto Araribá e Para Viver Juntos são duas coleções maravilhosas para os anos finais do ensino fundamental e são vítimas daqueles que entendem que a educação tradicional é um grande barato. Livros didáticos tradicionais, de mesmos autores, são escolhidos há décadas e não fazem mais parte do nosso contexto social são apenas um calhamaço de exercícios mecânicos, procedimentais e sem significado nenhum para a realidade atual.
E agora, será que nós professores regentes teremos esse direito um dia?
Artigo publicado no jornal Tribuna Independente em 8.6.2010
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