sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Qual é o gato?

Roselene Nunes de Lima



Quem paga o pato? Ou melhor, quem paga o “gato”? Existe um monte de gente honesta no Brasil. Será? As pessoas vão à igreja, orar ou rezar, depende da religião, vão às festas beneficentes, participam de cotinhas para comprar uma cadeira de rodas, um colchão d’água, uma feira para aquele acidentado que é autônomo e não pagava a previdência ou outro benefício para quem está doente ou impossibilitado de andar, dentre outras mostras de benevolência. Parabéns! É assim que precisamos ser, bondosos. Só que estamos esquecendo um detalhe. Estamos usando a bondade para encobrir os nossos pequenos delitos, “coisa pouca, besteira”, consciente ou inconsciente isso vem acontecendo bastante!


Furto de energia elétrica, de água, de internet e de TV a cabo, de Bolsa Família, da bolsa do ProUni, de bens móveis e até imóveis. O inacreditável é que as pessoas que fazem esses furtos ainda contam para gente. Tantos golpes que é impossível descobrir cidadão de fato. Puxa! Como é fácil driblar as concessionárias de serviços públicos e privados do nosso país, como é fácil tomar dos outros seus bens. Até porque um país como o nosso é enorme em quantidade de pessoas. E haja gente para fiscalizar tanta gente irregular, que se acha certinha e ainda que se diz honesta. Com a Receita Federal (RF) não tem jeito, lá a nossa vida é um livro aberto, além disso, nós pagamos a multa, bem rapidinho, quando erramos e, não adianta dizer que não sabíamos. A RF sabe tudo, parece a nossa mãe que reconhece quando estamos mentindo ou disfarçando um acontecimento.


O colega da faculdade ou do trabalho, até mesmo o colega do colega, mesmo que não precise de dinheiro pratica o hábito de furtar algo de alguém. Quantas vezes descobrimos que nosso colega furtou o papel higiênico novinho que estava no banheiro da faculdade, aquele celular que estava na mesa do colega e ele esqueceu, é só jogar fora o chip e pronto, “agora é meu”, aquela camiseta que foi emprestada porque molhou a do colega “vou ficar com ela, eu gostei”. E o tal de “me empresta 10 reais”, que mentira, nunca paga mesmo é melhor pedir para nunca mais devolver.


A gente descobre cada “macacada” das pessoas, ou melhor, cada “gatada” que até Deus fica sem entender a religiosidade fervorosa daquela pessoa que está furtando o que é dos outros. O nosso país, agora menos pobre, segundo a pesquisa feita depois da implantação do Programa Bolsa Família está também com furto deste benefício que deveria ser dos pobres. Sem esquecer do ProUni (Programa Universidade para todos), com bolsas pagas para pessoas ricas ou que podem pagar por uma mensalidade para estudarem em faculdades particulares de boa qualidade de ensino, mas de qualidade duvidosa de idoneidade institucional. Interessante morar aqui e ser daqui do Brasil, temos muito que estudar, a diversidade é muito grande, temos de tudo mesmo. Os nossos mestres e doutores terão sempre o que pesquisar e quando se trata de roubo, furto,...


Falta mesmo é postura reta de gente que seja honesta de fato e de direito, falar e fazer o certo, não apenas condenar os outros sem olhar para si e reclamar que a vida é ruim. Até descobrimos que pode haver um ou outro funcionário que beneficia o seu colega quando investiga um “gato”, e diz: “deixa pra lá, eu finjo que nem apareci aqui”. Nós exigimos tanto para que este país melhore, mas não estamos fazendo a nossa parte bem feita.


Atenção concessionárias! Fiquem vigilantes, multem, investiguem, cumpram com o dever de vocês para que os justos não paguem pelos pecadores, como diz o ditado popular.




Artigo publicado no jornal Tribuna Independente em 15.6.2010

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