sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Esmola não, pelo amor de Deus!

Roselene Nunes de Lima

Professora e Psicopedagoga
roseanis@ig.com.br, rosematjan@gmail.com





 Pensar, estudar, trabalhar, ajudar, realizar, ler. Quantas tarefas difíceis para as pessoas preguiçosas. Pedir esmola é bem mais fácil e confortável, mas não resulta em aposentadoria e só faz o nosso país ser mais infeliz e medíocre. A lei ainda ajuda com a aposentadoria daqueles que tenham 70 anos, mesmo que não tenham contribuído nunca com a previdência social.


Do jeito que os estudantes não estão querendo pensar nem lutar por uma ideologia própria, daqui a trinta anos ou menos nós teremos um país de esmolés pedindo esmola a esmolés. Para lembrar a situação é só ler o livro do Saramago “Ensaio sobre a cegueira”, infelizmente estaremos fazendo exatamente igual, a única diferença é que no livro as pessoas não enxergam.


Os alunos preferem não pensar e acabam ficando muito impacientes quando é exigido deles o esforço de pensar, pois gostam muito dos problemas procedimentais, das contas e de “Quem descobriu o Brasil?”. Tornam-se estressados e nervosos, querem a solução dos problemas antes de 5 minutos, desistem com facilidade, dizem que a cabeça está doendo, mas são capazes de contar tudo que assistiram na televisão. Quando é período de BBB (Big Brother Brasil) 1, 2, 3,..., 100, eles ficam acordados até tarde, para não perderam esse programa de instrução antipensar, com autorização dos pais ou não, e no outro dia comentam sobre a grande fofoca e dormem na sala de aula para repor as energias perdidas.


As crianças têm bolsa família, mas pedem esmola. Os responsáveis colocam as crianças para venderem amendoim na praia ou impõem que elas peçam esmolas nos sinais como pagamento da limpeza do pára-brisa. Esta semana eu estava em um supermercado e um garoto me pediu para comprar uma cesta básica. Não comprei e ainda chamei um funcionário para saber se podia pedir esmolas ali. No caixa ao lado a irmã desse garoto conseguiu ganhar a cesta de outra pessoa. Vocês podem pensar que eles estavam com aparência ruim, mas foi ao contrário, bem limpos e vestidos como qualquer criança. A mãe estava lá fora esperando os filhos esmolés saírem com a comida da semana.


Agora vamos imaginar que todas as pessoas que foram convidadas a comprar as cestas das duas crianças resolvessem comprar, elas poderiam levar as “compras” para a mãe lá fora e voltarem mais vezes e pedirem a outros bons samaritanos. Se nós estivermos dispostos a pagar esse preço estaremos gerando um país de vagabundos exigentes.

Artigo publicado no jornal Tribuna Independente em 6.8.2010

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