sábado, 14 de agosto de 2010

Educação inclusiva existe?


Roselene Nunes de Lima



Uma mãe quando tem um bebê pode cuidar dele sozinha ou, muitas vezes, tem uma auxiliar para ajudá-la nas tarefas diárias – que são muitas. Quando não tem apenas um bebê, são dois ou três, fica impossível de dar atenção e cuidados sozinha. Agora, ponha-se no lugar de uma professora ou professor cuidando de 35, 40 ou até mais alunos, todos na mesma sala de aula, com idades muito parecidas e necessidades tão divergentes.


Conseguiu entrar nesta situação? Se conseguiu, você sabe muito bem do que está se dizendo, mas se não conseguiu, vamos aos detalhes. Todas as necessidades estão nas crianças e adolescentes. São muito agitados, interessados, ansiosos, urgentes, participativos, brincalhões e um monte de qualidades juntas. Mas, o que se menciona diz respeito aos alunos ditos normais, alunos que já precisamos dar muita atenção e estudar muito para aprender a lidar com eles.


Entremos agora no campo do aluno portador de necessidades especiais, aquele que precisamos ter tudo mais, mais paciência, mais horas de estudos, mais jeito, dispor de mais tempo com ele, ter mais entrosamento, mais e mais... Temos dificuldade mesmo! Com os nossos alunos passamos a conhecê-los depois de certo período de convivência, muitas vezes nem temos tempo de conhecê-los num ano letivo, pois são muitos e são mutáveis.


Está comprovado que colocando alunos portadores de necessidades especiais para estudar com alunos ditos normais na mesma sala de aula estes rendem mais, melhoram o desempenho escolar e se socializam muito rapidamente, evoluem bem cognitivamente. Mas, nem sempre há a felicidade de alunos especiais estarem estudando com alunos ditos normais, pois sabemos que existem desinformação, preconceito, discriminação e rejeição por parte de pais ou escolas.


Muitos pais têm preconceito com o próprio filho, dizendo que o filho não é como dizem e não precisam de ajuda. Fincam o pé e interrompem a evolução dele, não admitem ou não aceitam que essa criança tem dificuldades.


Nós, professores, estamos pouco preparados para lidar com as situações mencionadas, temos alguns cursos de aperfeiçoamento, mas não temos poucos alunos nas salas de aula. Faltam salas multifuncionais especializadas para lidar com esses alunos, faltam psicólogos, assistentes sociais, assistentes de sala, dentre outros profissionais, para nos dar o apoio que precisamos e serem nossos parceiros no dia a dia.


Além de tantos contras, na época em que vivemos não temos muito tempo para fazer uma educação de tão boa qualidade quanto se precisa, porque temos que ser delegadas e delegados nas escolas, pois a onda de violência não nos deixa fazer uma educação com paz.


Artigo publicado no jornal Tribuna Independente em 8.4.2010

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