Roselene Nunes de Lima
O mundo da Educação é muito diverso. Temos muito o que fazer, mas será que estamos fazendo o melhor, o certo ou o ideal? Os índices educacionais detonam os professores. Embora a responsabilidade não seja só dos professores, pois estamos num país que tem uma grande quantidade de professores leigos, aqueles sem formação profissional. Este país está cheio de projetos sem planejamento. Os superiores mandam os projetos e a escola, muitas vezes, aceita só para não contrariá-los, mas falta espaço físico, recursos materias e pessoal qualificado. O MEC “inventou” Alfabetização Solidária, Mais Educação, dentre outros, mas se exige o mínimo das pessoas envolvidas, pagam bolsas, bem pequenas, para se obter sucesso no projeto. Imagine alfabetizar um adulto em seis meses e o alfabetizador ter, pelo menos, nível fundamental de escolaridade. A evasão é grande e não se entende. Quer dizer, só não entende quem não quer.
Nós que frequentamos a universidade, cursando 3600 horas de aulas, temos que ter muitas estratégias para segurar os alunos do noturno na sala de aula, imagine “professores” de Alfabetização Solidária e Mais Educação que fazem um curso de 40 horas? Todos os projetos estão funcionando muito mal, obrigada! Depois é fácil cobrar bons resultados dos projetos por esses terem sido aceitos pelas escolas.
Nas minhas práticas como professora formadora, descobri que as professoras, minhas cursistas, usam todo o material lúdico que forneço nos cursos, o que torna um sucesso o resultado. Os alunos ficam mais felizes em irem às aulas e mais participativos. Infelizmente contamos um “inimigo íntimo”: a família das crianças, elas não existem a contento. Muitos dos nossos alunos são abortos vivos, é isso mesmo, e é uma pena que sejam. Temos um monte de alunos que os pais os usam apenas como escudos para se defenderem de algo. É o bolsa família ou o salário família. Quem leciona sabe que passamos boa parte da aula socializando, ensinando bons modos e a não tratar mal os colegas.
Nós ensinamos na escola e os familiares “desensinam” em casa. Fazemos de tudo para elevar a autoestima dos nossos clientes e os pais, em casa, fazem depreciações sem fim a eles. Socorro! Estamos desamparadas, é como se o nosso trabalho não servisse.
Mas vocês podem perguntar: e aquelas professoras de uma creche, em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo? Como em toda profissão sempre têm os que estão nela sem profissionalismo, de qualquer jeito mesmo.
Para o nosso trabalho melhorar é importante que o nosso país viva menos de sonhos, o sonho de ser modelo, para a menina, de ser jogador de futebol para o menino, ocupações que são divertidas e dão dinheiro, pois muitos não têm nem o pão de cada dia, o que querem é a possibilidade de sair da miséria e dos maus tratos recebidos pelos familiares e pela sociedade.
Artigo publicado no jornal Tribuna Independente em 21.7.2010
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