Roselene Nunes de Lima
Quando a cólera estava assolando em Alagoas as reportagens dos telejornais mostraram a falta de zelo que a população miserável tinha por causa da falta de água limpa. Não só faltava água de qualidade como faltava esclarecimento da população, muita ignorância fez o povo adoecer. Algumas matérias mostravam as pessoas cozinhando, tomando banho e lavando a louça com água suja e ainda diziam que só faziam essas tarefas com a água contaminada, não acreditavam que fosse fazer mal, pois a água de beber era limpa, mas mesmo assim um ou outro familiar tinha morrido de cólera. Eles não entendiam, não sabiam que essa atitude também ajudava a situação a piorar.
O governo intensificou as campanhas preventivas para se reduzir o número de mortes. As vítimas de cólera em Alagoas foram 16.924 e o número de óbito chegou a atingir 154 pessoas, de 1992 até 2000, quando ocorreu a 7ª pandemia de cólera, iniciada em 1991 no Brasil. Mesmo com tanta divulgação através de publicações, cartilhas, trabalhos escolares e reportagens para evitar esse desastre, nós tivemos todas essas perdas.
Pesquisas apontam que temos um grande número de mortes no mundo por fome e por obesidade, mas ainda é maior o número de mortes por obesidade. As campanhas estão cada vez mais evidentes para que os “comilões” fechem a boca, enquanto outras campanhas solicitam comida para quem tem fome. São duas situações péssimas. E quanto à água? Será que nós já pensamos nisso? As campanhas estão intensas?
Nós ficamos na dúvida para saber o que é ou está pior no nosso mundo. A água pura, por exemplo, está ficando cada vez mais escassa em alguns países, além disso, a água poluída tem matado muito mais do que violência. A Diretora Executiva da UNICEF, Ann M. Veneman, afirmou em Nova Iorque que "As doenças provocadas pela água matam uma criança a cada quinze segundos e estão associadas a muitas outras doenças e à má nutrição,". "As soluções que vierem a ser adotadas para os problemas da água a nível mundial devem assegurar as condições necessárias para que as crianças sobrevivam, se desenvolvam, aprendam e vivam com dignidade."
Agora com a onda da gripe H1N1 os hospitais colocaram álcool gel nos corredores para que os visitantes limpem as mãos. As campanhas promovem informações educativas o tempo todo, mas muito dos nossos alunos, mesmo participando intensamente dessas campanhas, muitas vezes vão ao lanche sem antes lavar as mãos. O interessante é que quando a água é limpa parece não ser bem aproveitada, quando é suja, então é o único jeito usá-la.
Que todos nós fiquemos atentos ao uso responsável da água limpa, enquanto a temos, e que divulguemos os métodos de prevenção a escassez desse precioso líquido, do contrário teremos mais desgraças.
Artigo publicado no jornal Tribuna Independente em 14.7.2010
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